domingo, 20 de julho de 2008

Tell me more!




Às vezes sinto como se estivesse lhe perdendo aos poucos, e perdendo assim uma parte de mim que já está em você. Sinto-me perdido, portanto. Quando você se perde de mim, eu não gosto. É como se eu deixasse de ser eu mesmo se você não demonstra mais que está por perto. Sinto que não gosto de mim mais que gosto de você e essa sensação é horrível. Quero matar essa parte que tem de mim em mim pra que sobre só você. É de você que eu quero que o meu coração se preencha quando esse frio que abala o nosso amor chega.
Nosso amor antes inabalável hoje parece uma corda de violão que toca rock. Alcançamos as nuvens por tanto tempo, mas então podaram nossas asas pra que nos lembrássemos de que nada pode ser tão perfeito assim. Será que era (tão perfeito assim)? Os dizeres “eu te amo” tomaram conta das nossas bocas e gastamos o poder de falá-lo como se este fosse infinito. Mas realmente era. É.
Mas o que está acontecendo? Sei tudo sobre o assunto mas não sei explicar, entende? Talvez eu tenha feito um só de nós dois muito rápido e a transição não tenha ficado completa. Apesar de que não acredito que esse é um processo que pode ser medido em tempo. É medido em escala maior, é medido em sentimento. E esse sentimento sim, foi arrebatador, nos vimos caídos no campo de batalha antes de começar a guerra que estávamos esperando.
E o que está acontecendo então? O que se passa na cabeça de duas pessoas para que sem motivo aparente elas passem a acreditar que o que é perfeito é perfeito demais e já não pode ser descrito assim. Talvez desconfiança.
Isso, desconfiança. Não como parceiros, isso, por mais que tenha acontecido, jamais seria forte o suficiente para derrubar toda a edificação. Esse tipo de desconfiança, no sentido de ciúmes, apenas desgastou um pouco o material que usamos.
Não! Falo da desconfiança do:
“é bom demais pra ser verdade”,
“será que não podemos ser um casal normal e brigar de vez em quando?”,
“será que estamos tentando ser um maior do que outro nessa relação?”.
Então a cotação do “eu te amo” caiu ferozmente. Ficou cada vez mais caro dizer essas três palavras no dia-a-dia. Depois no mês. Depois só lembrávamos falar em datas comemorativas e despedidas, ou nem isso.
Foi quando reparamos que as palavras têm poder. E que se não disséssemos as coisas enormes que sentimos um pelo outro, então essas coisas começavam aos poucos a deixar de existir. Passaram a existir ruínas do que um dia foi tão belo e tão grande que quase não precisava de explicação. Só se explicava assim: “amor”.