quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Excessos

Estou tentando me privar da vontade louca que tenho de chorar.

Sim, meus sorrisos são sinceros! Não me entenda mal, há felicidade em mim.
Mas há uma tristeza também, que bate lá do fundo e que independe de mim.
Vem de vez em quando... com ou sem porquê... simplesmente vem.
Tento controla-la, mas estou chegando no limite.
Não adianta negar que não estou pensando em você.
De forma diferente: não te quero mais.
Isso é dor que alivia.
É frustração que acalma.
Mas por mais que adjetive, ainda assim, tudo o que sobra é dor e frustração.
^^
Queria dizer que foi muito bom te conhecer.
Mas agora eu me pergunto se ainda te conheço...
Quero te conhecer de novo, para quem sabe te querer de volta.


quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Burn it, burn!



Eu confio nas pessoas. No sentimento delas. Preciso disso pra confiar em meus próprios sentimentos. Apaixono-me definitivamente todos os dias. O que ontem pode ter sido o amor da minha vida, hoje pode ser apenas uma esperança e amanhã absolutamente nada, ou tudo.  Não sei seguir em frente sem resolver uma situação anterior. Sou um ser intenso, quem já me viu bem de perto sabe disso. Fico alegre e triste com extrema intensidade, e é tanto que eu nem sei como é estar à deriva. Ah, se eu fosse marinheiro! E o que é passado é passado e tudo muda. Às vezes demoramos em nos libertar de certos sentimentos e as pessoas não entendem isso. Nem todos serão sincero comigo o tempo todo. Mas um dia todos serão. Às vezes, para deixarmos alguém para trás, precisamos ser obsessivos. E somos. E corremos todos os riscos. Já fiz de todo o mal, mas no fim só eu saberei se este foi o tão famoso mal necessário. Se foi esse mal necessário, então o relacionamento transcende a barreira entre qualquer sentimento anterior ao amor sublime. São poucos os que conseguem realmente entender uns aos outros. E são mais poucos os que conseguem entender a si mesmos. Hoje, me sinto uma pessoa completa. Resolvi o mal que fiz a todos a minha volta e estou seguindo em frente.  Dessa vez  com um novo coração em chamas. Este coração em chamas que ensina e aprende tantas coisas. E que tudo o que quer, é continuar em chamas. Seja como for, não importa como for.

 



quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Todas as coisas que eu sempre quis...




Antes de tudo isso aqui eu queria ser cantor, popstar. Quando percebi, aos 9, que minha carreira não ia nada bem contei pra todo mundo que ia ser ginasta. Ia ganhar cada vez mais medalhas e depois iam me chamar para uma seleção qualquer na Europa e eu seria feliz assim. Aos 13 reclamei das minhas costas que doiam demais e desisti da idéia de ser ginasta (já com algumas medalhas no peito, veja só) por um sonho maior: ser produtor de videoclipes. Não! Ser fotográfo. E de repende, não mais que de repente, tudo ficou extremamente claro pra mim. Com 15 anos eu havia percebido que tinha nascido para interpretar: ia ser ator e não se falava mais nisso. Fiz planos de estar em uma novela global em no máximo, no máximo 2 anos. Depois de gravar um comercial de televisão ("10, 10, 10, 10 pastéis!", meu primeiro emprego) percebi como o mundo da televisão era hipócrita e resolvi ser modelo, mas o mundo dos modelos era tão hipócrita quanto. Dos 16 aos 17 deixei a água bater na bunda pra ver se eu aprendia a nadar. Voltei pra ginástica olímpica mas não dava mais tempo de brilhar. Na hora de fazer a inscrição do vestibular oscilei entre Administração, Turismo e Jornalismo. Decidi fazer História ao mesmo tempo que levei um soco do meu pai e fiz Turismo. Passei em Turismo, argh! Não quero mais. Abriu o curso de Bacharelado em Design na UTFPR. Daí eu decidi que queria muito e que era tudo o que eu sempre quis fazer na vida. Não passei, não passei, não passei, passei! Passei! Não acredito, passei!

Fato: é tudo o que eu sempre quis.


quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Mundo Insone


Seja pelo trabalho ou pelo estudo muitas pessoas estão diminuindo a sua dose diária de cama. Imersas num cotidiano cada vez mais agitado a maioria das pessoas não tem mais conseguido programar seus despertadores para, de fato, dormir. Porém, o sono tem total importância no funcionamento do nosso corpo e de nossa mente, sendo imprescindível para que tenhamos um melhor rendimento em nossos afazeres sejam eles quais forem.
Uma pessoa entre 17 e 50 anos precisa de pelo menos 7 horas ininterruptas de sono diariamente para recuperar suas energias. O não cumprimento dessa regra da fisiologia humana pode causar uma série de problemas como estresse, envelhecimento precoce, enfraquecimento do sistema imunológico, mudança abrupta de humor e desatenção.
As sonecas não são ideais mas também são bastante válidas como “recarregadores” de energia imediatos. Algumas empresas, como a IBM, estão inclusive disponibilizando salas especiais com pufes e sofás para que seus funcionários possam tirar uma soneca depois do almoço. A sesta tem funcionado: a produtividade dos funcionários, e conseqüentemente da empresa, aumentou.
Muitos são os fatores que interferem na hora de “pegar no sono”, como ruídos e luminosidade. Por isso algumas informações são válidas para pessoas que tem dificuldade de dormir: não comer exageradamente a noite, evitar café e refrigerantes antes de dormir, ter um colchão confortável além de manter o local bem escuro e silencioso.
E o mais importante: apesar de estar cada vez mais difícil se desvincilhar de trabalhos jamais leve-os para a cama com você. Isso dificulta o desligamento e interfere na qualidade da noite de sono. Durma bem.


segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Basket Case Questions

Por que que quando eu chego a conclusão que mesmo estando tudo errado essa é a melhor forma de estar tudo certo você vêm e muda tudo?
Por que os dias parecem melhores agora mesmo sendo os piores possíveis?
O que é que estou dizendo?
A vida é bela mesmo suja de tinta?
Os universos paralelos se encontram e se apaixonam todos os dias ou só eu que me apaixono constantamente pra não me dar mais valor?
A verdade foi dita e eu fui o único que estava ouvindo música bem nessa hora?
Outras línguas são realmente interessantes mesmo quando a beleza é traduzida pra hostilidade?
Quem sou eu?
Do you have the time to listen to me whine about nothing and everything all at once?


quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Quando o Segundo Sol Chegar




As músicas às vezes tem o poder de dizer simplesmente tudo o que queremos dizer mas não tivemos a capacidade de transpor em palavras. Santos compositores! Poetas decompositores de nossos maiores anseios. Tão magnificos que conseguem pôr em melodia nada mais nada menos que sentimentos. E de repente "eu fui lá fora e vi dois sóis num dia e a vida que ardia sem explicação" tem um significado tão óbvio que me recuso a acreditar que Nando Reis não escreveu todas as suas músicas pra mim. Não é prepotência, ele escreveu só pra mim assim como escreveu só pra um bocado de gente também. Somos todos gratos, fato.

"O que está acontecendo?
O mundo está ao contrário e ninguém reparou
O que está acontecendo?
Eu estava em paz quando você chegou"

Estou completamente polarizado. E paralizado!


terça-feira, 19 de agosto de 2008

Mãos atadas, pés descalsos...

Gostaria de pedir uma música mas não sei muito bem como explicar.Nada é tão simples quanto parece quando envolve “cardialidade”. Fico cordial e de verdade chato. O coração que é logo ali do lado do pulmão. Fico sem ar. Não sei o que respirar. Não sei se oxigênio, não sei se veneno. Fico anatômico, anatomista, minimalista. Arrepios na coluna e mais.
Simplesmente toque a balada do amor inabalável. Ou não, fique aqui mais um pouco. Mas não sei de quem estou falando. Estou falando de quem quero falar, mas me sinto sufocado. Como se tivesse censura em minha voz. Censura de mim pra mim mesmo.
Ouço uma canção ao longe. E ela me diz coisas novas e foi bom te conhecer.
Foi muito ruim te conhecer.
Melhor um na mão do que dois voando. Mas agora sou eu quem quer voar.

domingo, 20 de julho de 2008

Tell me more!




Às vezes sinto como se estivesse lhe perdendo aos poucos, e perdendo assim uma parte de mim que já está em você. Sinto-me perdido, portanto. Quando você se perde de mim, eu não gosto. É como se eu deixasse de ser eu mesmo se você não demonstra mais que está por perto. Sinto que não gosto de mim mais que gosto de você e essa sensação é horrível. Quero matar essa parte que tem de mim em mim pra que sobre só você. É de você que eu quero que o meu coração se preencha quando esse frio que abala o nosso amor chega.
Nosso amor antes inabalável hoje parece uma corda de violão que toca rock. Alcançamos as nuvens por tanto tempo, mas então podaram nossas asas pra que nos lembrássemos de que nada pode ser tão perfeito assim. Será que era (tão perfeito assim)? Os dizeres “eu te amo” tomaram conta das nossas bocas e gastamos o poder de falá-lo como se este fosse infinito. Mas realmente era. É.
Mas o que está acontecendo? Sei tudo sobre o assunto mas não sei explicar, entende? Talvez eu tenha feito um só de nós dois muito rápido e a transição não tenha ficado completa. Apesar de que não acredito que esse é um processo que pode ser medido em tempo. É medido em escala maior, é medido em sentimento. E esse sentimento sim, foi arrebatador, nos vimos caídos no campo de batalha antes de começar a guerra que estávamos esperando.
E o que está acontecendo então? O que se passa na cabeça de duas pessoas para que sem motivo aparente elas passem a acreditar que o que é perfeito é perfeito demais e já não pode ser descrito assim. Talvez desconfiança.
Isso, desconfiança. Não como parceiros, isso, por mais que tenha acontecido, jamais seria forte o suficiente para derrubar toda a edificação. Esse tipo de desconfiança, no sentido de ciúmes, apenas desgastou um pouco o material que usamos.
Não! Falo da desconfiança do:
“é bom demais pra ser verdade”,
“será que não podemos ser um casal normal e brigar de vez em quando?”,
“será que estamos tentando ser um maior do que outro nessa relação?”.
Então a cotação do “eu te amo” caiu ferozmente. Ficou cada vez mais caro dizer essas três palavras no dia-a-dia. Depois no mês. Depois só lembrávamos falar em datas comemorativas e despedidas, ou nem isso.
Foi quando reparamos que as palavras têm poder. E que se não disséssemos as coisas enormes que sentimos um pelo outro, então essas coisas começavam aos poucos a deixar de existir. Passaram a existir ruínas do que um dia foi tão belo e tão grande que quase não precisava de explicação. Só se explicava assim: “amor”.


sábado, 14 de junho de 2008

Estúpida Insônia Solitária




Estou com medo de ir para a cama hoje. Estou evitando ao máximo. Não são mais os mesmos monstros que nos assustam quando somos apenas crianças. Mas ainda assim: são monstros!
Os montros psicológicos que, aí sim, usam da mesma arma que quando somos crianças para nos apavorar: nossa própria insegurança.
Deito na cama e percebo que estou sozinho. Daí eu fico mais sozinho do que nunca. Solidão é fogo que não arde mas se sente. Se ardesse até seria bom, mas não. Solidão é angústia e esse é sempre um dos piores sentimentos pra uma pessoa sentir num dia de vida. Na morte é bom, não tem nada pra fazer mesmo.
Em movimento harmônico simples minha insegurança oscila: "consiguirei dormir?". Tenho pavor de não dormir. Imagino-me vivendo o outro dia: cansado demais pra aproveitar as horas que eu tenho que ficar acordado.
Tecnicas para dormir, como contar carneirinhos por exemplo, foram inventadas por pessoas que estavam tendo insônia (das piores) e, portanto, nunca funcionaram e nunca funcionarão. Vamos deixar claro.
Você fica ali, tendo aquele fluxo de consciência eterno que por vezes faz o tempo passar horas, por vezes segundos. A gente é tão facilmente enganado pelo tempo que às vezes penso que ele é o maior político que já existiu.
E você ali, tentando dormir. E você nunca vai dormir. Um fluxo de consciência passa pela sua cabeça e as informações vem e vão até não terem mais nexo.
Você acorda no outro dia e percebe que insônia é uma das coisas mais estúpidas do mundo!


O Olho Mágico!

Entrava no mercado escolhia a dedo os mantimentos e dirigia-se ao caixa. Era totalmente natural aquele procedimento para Flávio Olavo. Comprava dois ou três whiskys por mês, dependia dos gastos supérfluos com feijão e arroz. Tinha essa coisa de semi-vício em Flávio Olavo. Era colocar o primeiro vício em cima da esteira rolante e a imagem de uma das empacotadoras vinha logo a sua cabeça. Seu olhar, quase como um hábito inalterável, encontrava o olhar de Francisca Ferdinanda. Não era o seu verdadeiro nome, mas ele gostava de pensar assim. Afixionado por história, Flávio imaginava que se Francisco Ferdinado (principe austriáco, assassinado no acontecimento que antecedeu a primeira guerra mundial) fosse travesti, ele seria muito parecido com aquela méra empacotadora de supermercado de bairro. Nunca perguntara o nome da moça. Por destino ou anti-poder do subconsciente ele nunca escolhia o mesmo caixa em que Francisca estava. Nunca trocaram palavras se quer.
Primeiro os olhares se encontravam, em seguida desviavam. Não sabiam por qual motivo, mas os olhares desviavam. E só se encontravam um tempo depois. Na hora de "dizer" tchau. Um leve aceno de cabeça mais sorriso vindo de ambos. Acabava ali.
Mas naquela noite de outubro algo estava errado. Não, nada de tão excepcional nele comprar 4 whisks, estava de regime. Francisca Ferdinanda não estava lá. E de repente, ela nunca existiu. O mundo daquele homem caiu.
Trocou cartão de débito por de crédito e só percebeu no meio do mês seguinte. O que teria acontecido com ela? Não disse boa noite para a caixa ao sair do mercado. Teria se demitido? Tropeçou logo no primeiro degrau da portaria do prédio em que morava. Será que ela se sentiu incomadada com alguma atitude dele? Um minuto e meio para achar a chave do apartamento, bem mais que a média. Teria Morrido? Trancou a porta.
O mundo daquele homem caiu. Por quê? Por que não movera a boca e disse "oi" naqueles 2 anos de olhares trocados? Por quê? Promoveu um copo de uísque e bebeu.
Imaginou por alguns instantes o que teria acontecido se tivesse usado a dádiva da fala para com Francisca. Teriam se tornado amigos. Sobre o que falariam? Um mês sobre o clima, com certeza. No outro sobre a novela das oito que é a novela que todo mundo vê mesmo que não assista. E no outro, quem sabe? A crise dos alimentos ou a ascensão da China a partir da revolução cultural? Outro copo de whisky .
Culpou a cultura que temos de não conversarmos com desconhecidos. Ora pois! Eramos todos seres humanos capazes, podiamos e deviamos falar uns com os outros. Sentiu-se estranho de nunca ter dado mais do que um bom dia para o cobrador do onibus que pegava todos os dias. E culpou tantps motivos quanto pode sobre essa vida calada. Do capitalismo ao individualismo! Outro copo de whisky .
Passos foram ouvidos por ele no corredor do prédio. Num ato cem por cento incomum, como se uma marionete cordenasse seus movimentos, ele levantou do sofá e foi arremessado à porta exatamente na altura exata em que seu olho encaixou no olho mágico.
Viu uma mulher de costas para ele, abrindo a porta do apartamento a frente. Ela deixou cair um papel no chão. E ao levantar quem olhava para ele não era mais uma mulher. Era Francisca Ferdinanda.
Não soube o que fazer. Mas os seus impulsos souberam. Abriu a porta ainda há tempo de vê-la tomar um susto. Encararam-se por alguns intantes.
Oi!
Oi! - e ela sentiu o bafo característico.
Tudo bem?
Tudo.
Não te vi no mercado hoje. Pediu demissão?
Ela, cara de "como dizer?":
Empacotei suas compras hoje senhor...
Flávio.
Fernanda, prazer.
Fernanda se matou no dia seguinte. Os familiares afirmaram à Flávio no dia de seu enterro que ela era uma mulher de 35 anos infeliz desde que perdera o marido há 2 anos atrás. Mudara-se de apartamento, pois não consegui mais viver no mesmo ambiente em que vivera os dias felizes com ele.
Flávio Olavo nunca mais bebeu.


quarta-feira, 11 de junho de 2008

Problemas da vida privada


Toda vez que alguém me diz “eu sei exatamente o que você está sentindo”, me desespero. Sinto-me incapaz de guardar pra mim parte do que é pra ser só meu. Um pedaço de mim simplesmente cai. Um pedaço de sentimento, cai. Não sei como, cai. Às vezes penso que quando vou ao banheiro sai até desses tais sentimentos junto, nem sempre de forma simples, rápida e direta.
Coisa minha mesmo. Nunca tenho a intenção de que seja sentido por mais alguém no mundo, mas o sentimento é por vezes tão gigante que não cabe em mim. Daí que solto pro mundo pra ser feliz.
E as pessoas vêm e, escafandristas que são, vasculham. No âmago do meu ser elas descobrem cada detalhe, e do mais alto dos pedestais proclamam: “eu sei o que você sentiu no verão passado, neste e no próximo”. No entanto não culpo ninguém por essas atitudes pseudo-altruístas. Mas o meu íntimo não, este trabalha por conta própria. Não gosta que intervenham nem nas cagadas que eu ele (meu íntimo) possamos ter cometido.
Dia desses sai da moita. Um amigo se queixava da vida e da esposa e da carestia e da greve dos roteiristas e eu, sem prepotência alguma, escapuli: “Pois é, eu sei exatamente o que você está passando”.
Regurgitei, entende? Não era o que eu queria dizer. Na realidade eu não fazia a menor idéia do que ele estava passando. No pão eu sabia, fato: era margarina. Mas e na vida? De que tipo de gorduras-trans meu querido amigo estava se lambuzando? Foi então que eu entendi [admiti]: eu não sabia.
Eu não sabia que aspecto teria no futuro aquele pão com muita margarina. Mas eu imaginava que ia fazer mal, não se passa tanta margarina no pão, que irritante. Eu queria que ele tirasse pelo menos 30 por cento, aquilo ia lhe fazer mal. Os problemas que aquilo poderia gerar me preocupavam. Era meu amigo! Não queria que engordasse seus problemas. Então eu soube, naquele instante, que eu não fazia a menor idéia de como era comer pão com bastante margarina. Talvez fosse bom. Enfim.
Eu não sabia o que ele estava passando [na vida], mas eu disse que sabia. Num impulso, pra ajudar um amigo, solidariedade pura (livre de gorduras-trans). Tentei limpar um pouco das cagadas que ele estava fazendo com essa solidariedade toda que eu tinha pra dar.
Quando Juracy, minha amiga e diarista, saiu do meu apartamento hoje a tarde, achei bonito lhe dizer obrigado. Era ela que sempre deixava meu banheiro brilhando. Mas dessa vez eu vi mais que um banheiro brilhando: quando olhei para aquele banheiro limpo, minha vida inteira deu um passo a frente. Durante pelo menos 10 segundos, ficou livre de problemas e eu entendi melhor as frases clichês que as pessoas usam.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Sim, Einstein, você estava certo!




Eles se olharam profundamente naquele último instante após a briga. Era olhar de ódio sim, mas envolvia uma culpa que fazia remorso no coração de ambos. Ela se virou para a parede e fitou-a por vários instantes. Sua consciência dava zigue-zagues entre vontade de pedir desculpas, esperar ele pedir desculpas, afinal era tudo culpa dele, e a cor detestável daquela parede de seu quarto. Ela vem pedindo pra Carlos Fabiano mudá-la há dois anos (ela sempre contabilizava o tempo que o Marido demorava pra realizar seus desejos).
No próximo segundo, de forma rápida e segura, ela se viu encarando os olhos do amado novamente. Ela nunca soube quanto tempo (cerca de 2 segundos) ela demorou para responder a pergunta dele: "Você me perdoa?". O tempo era dez vezes mais relativo para Maria Cristina que para o resto da humanidade. Ela, através de devaneios pós-coito, criou um plano miraboloso de destruir a teoria da relatividade de Einstein, que com certeza não previu o desenrolar da vida social no mundo moderno. Mas ela, formada em letras, tinha todo o estudo detalhado para provar que o tempo, pasmem, não existe. O que existe é uma massa de ar que vêm do atlântico norte que irá mudar o clima amanhã a tarde em...
E ela voltou ao mundo real. O marido havia desligado a televisão, onde ela manteu o olhar fixo durante todo aqueles dois segundos. Talvez curtindo a cara de arrependimento de Carlos Fabiano. Talvez pensando numa resposta. Ele esperava uma resposta, agora com precipitação eminente nos olhos.
Mas como costuma acontecer quando brigamos e ficamos em dúvida se temos razão ou culpa, Maria Cristina apenas respondeu: "Você me perdoa?"
Um abraço. Um daqueles abraços que damos e apenas os melhores momentos passam num piscar de olhos pela nossa frente ao som de Janis Joplin. Depois de 7 anos de casamento próspero e graças a infertilidade (dele, não, dela. Dele. Não, dela. Cadela! Calma! Não vamos começar de novo), zero filhos. Pensando no tempo que faltava para serem considerados um casal unido e estável, escreveu mentalmente: "Sim Einstein, você estava certo!"

sábado, 24 de maio de 2008

Das Metamorfoses Impossíveis




Cá estou, cursando cursinhos que não me pertencem com uma vontade louca de gritar "se arrependimento matasse" até morrer. Morrer de desgosto ao perceber que o futuro é só uma questão de tempo. E que esse tempo passa num relógio que leva bastante a sério essa coisa que descobriram de que o tempo é relativo e blá blá blá [bullshit] ...
Daqui a algumas horas, dias, meses ou anos, provavelmente, o que você tanto espera chega. No meu caso, faz questão de estar apenas por perto, mas nunca perto o suficiente para que eu possa encostar [me lambuzar].
Um pouco cansado de saber que poderia ter feito tudo de uma forma que teria dado certo...De "primeirinha"! Não estou dizendo que não acredito em um mundo melhor sem cáries. Tem essa coisa humana em mim de não saber o que querer e estar sempre querendo algo mais, algo que não me pertence, sonhar.
Ser humano é tão chato. Queria ser uma libélula voadora do sertão da áfrica subsaariana, e realmente não me interessa mais se elas existem ou não! Talvez uma nuvem, que demora para se encher, mas quando finalmente chega naquele ponto "G" em que as nuvem costumam chegar, estoura, e lava, e recolhe para dentro das entranhas do planeta muito mais do que mil e uma lágrimas! Ou uma nota de um real. Imagina que interessante: passar de mão em mão. No estado em que eu me encontro, era tudo o que mais queria!
Queria fugir! Não posso! Sou essa coisa sem graça, essa coisa que é pele, osso e (às vezes) alma chamada ser-humano. Por isso todos os dias as 7:00 da manhã eu acordo e penso, porque a gente complicou tanto assim? Queria ter sido qualquer coisa, mas não isso aqui que vos fala!
Vai mal isso aqui que vos fala.

Meu Palco. Meu Mundo.




Às vezes quero ser como os outros,
mais digno de minha própria atenção
Determinado, sempre consigo
Simpático, sei mentir
Ingênuo, faço minhas caras.
Bonito, dizem (?)
Íntegro, não

De repente, existo
e sou esse turbilhão de sentimentos (falsos)

De repente,
eu não existo
Não existo
eu?

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Lua, aqui vou eu!

Já deve ter havido momentos em sua vida em que tudo o que você queria era desaparecer. Ou no mínimo ir para o espaço sideral, um lugar onde ninguém te incomodasse, onde tudo fosse paz e sossego.
A tecnologia ainda não permite viagens espaciais a baixo custo. Hoje, ir para lua gira em torno de [míseros] 100 milhões de dólares. [o.Õ] Como esse provavelmente não é o saldo bancário de nenhum visitante do meu blog então eu tenho uma dica infalível para quem quer sentir o gostinho de estar no espaço, ou no mínimo ter uma parte de você por aquelas bandas. Não, não é um novo software avançadíssimo. É algo muito mais realista.
A NASA acabou de lançar o programa “Mande seu nome para a Lua”. Eu explico.Trata-se de um programa de relações públicas da gigante em que qualquer um pode mandar seu nome para o espaço. Os nomes serão cadastrados num banco de dados que será gravado em um microchip que vai ser mandando ao espaço através da missão Lunar Reconaissance Orbiter (LRO).
O objetivo da missão é basicamente identificar e selecionar novos lugares para o pouso de futuras missões tripuladas e reconhecer recursos naturais lá no nosso satélite.
Gostou da idéia? Então participe. Basta clicar aqui e informar seu nome e sobrenome. As inscrições vão até 27 de junho! Uma coisa legal é que você ganha um certificado em formato PDF com seu número de participação.
Segue um vídeo, aparentemente feito pela NASA, em que você pode ver por onde andará o seu nome e outras informações sobre a missão (em inglês).
O meu nome já está pronto pra ir à lua. E o seu?

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Deus e Eu. Via Banda Larga.

Ultimamente estou morando próximo a uma igreja protestante e de forma alguma tenho alguma coisa contra tais religiões. Claro, não sou nenhum anjo de candura e já me peguei falando mal deste povo de Jesus mais de uma vez. Principalmente ao acordar, num belo domingo de manhã, com as infernais cantorias, que segundo [São Matheus] meus cálculos, podem ser ouvidas até mesmo em Júpiter.
Às vezes me pergunto o porquê desse louvor tão imenso como se Deus estivesse na Bósnia resolvendo alguns assuntos mais importantes. Soam-me quase como pessoas desesperadas, em busca de uma coisa que nunca poderam ter. Como se paz de espírito fosse tão impossível assim de conseguir. Parece-me que quando fazemos do jeito que eles fazem colocamos a felicidade lá, bem longe da gente.
Não sei vocês, mas eu e Deus temos uma relação muito mais direta. Morram de inveja: eu sento todos os dias frente a frente com Deus e temos conversas ótimas. Ele é um cara muito espertinho e está sempre me ensinando coisas fantásticas sobre si mesmo e o mundo. Minha conexão com Deus já passou da geração dial-up. Minha conexão com Deus é banda larga. Bem larga.

Alguns devem estar se perguntando, mas como assim? Ensina-me! Também quero! Também quero conversar com Deus! Também quero ser feliz! Daí eu vendo a tecnologia. Estou ficando milionário. Mas a minha moeda é um pouco diferente da usual. Minha moeda é contabilizada em barras de sorrisos, que valem mais do que dinheiro.
Acredito que todas as vezes que ficamos bem felizes, mas bem felizes mesmo, ficamos então com Deus. Por que Deus é um cara que só quer me ver feliz. É como se Ele fosse uma energia que quanto mais feliz eu estou, menos invisível e mais forte é. E vejam só, está o tempo todo dentro de mim.
Sim, eu e Ele temos uma relação muito direta. Uma relação vital, uma relação de coração, uma coisa muito, mas muito, próxima. E se eu sou capaz de fazer alguém sorrir, então eu recebo aí toda essa energia multiplicada como feedback.
Mas isso não é religião, isos é só doutrina. Ainda que assim pareça um paradoxo para mim é isso mesmo. Para mim tudo isso são valores, mas não valores de uma religião em si. São valores de mim mesmo para mim mesmo.
Sobre os meus vizinhos protestantes (e como protestam!), deixo-os lá, em paz com eles mesmos. Afinal, acima de tudo, Deus é multifacetado e cada um pode buscá-lo a sua maneira.
O que importa é que saiba que ao pôr a minha cabeça no travesseiro, vou dormir em paz. Ainda que continue acordando cedo, aos domingos pela manhã.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Respiração Vegetal Humana

Você já deve ter ouvido (ou falado) aquela famosa frase: “Eu morro e não vejo tudo...”, típica de senhoras de 76 anos e 11 meses de idade que acabaram de conhecer o telefone celular e/ou a internet. Ou a junção dos dois em um só. Pois bem, sinto muito, vou ter que cair no clichê dessa frase pra fazer o meu post de hoje.
Eu morro e não vejo tudo! Estava eu, bem feliz navegando pelas páginas de web, pegando altas ondas quando me deparo com um tópico num fórum que acabei entrar que me deixou bobo, o tópico.

Curto e grosso: Folha de grama cresce em pulmão de bebê chinês”. Pensei: “Ok, uma piadinha, uma imagem engraçada, uma nova sensação no Youtube!”, mas não.
Era isso mesmo: o apocalipse, o fim dos tempos. Grama
começou a se desenvolver no pulmão de uma menina de apenas 10 meses! Os médicos descobriram o fato quando a menina foi internada com sintomas de pneumonia. Mandada para um hospital universitário na capital da província em que morava, foi diagnosticada com piopneumotórax. Não sei o que é, mas, com esse nome, deve matar.
Durante a cirurgia a que foi submetida, os médicos tiveram uma grande surpresa. Mas também pudera, havia um pedaço de grama de três centímetros no pulmão da m
enina, né?
A grama foi removida, e a menina se recupera bem. Os pais disseram qu
e a folha é muito parecida com a folha da grama em que a menina costuma brincar em casa. Os médicos dizem que é possível que a semente tenha entrado por vias aéreas e que tenha achado o pulmão um bom lugar para se desenvolver.
Eu adorei o “é possível” dos médicos. Ok, entendo que eles não podem sair afirmando nada assim tão sim senhores, mas qual a segunda opção? Mutantes? o.O
Se for, quero viver pra ver/conversar/ser um.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

A Ditadura Em Cada Um

Ditadura, estive pensando, existe tema mais batido do que esse? Claro, desde que o leitor assíduo se lembre do quanto já leu sobre eutanásia, aborto, drogas, feng shui e, porque não dizer, a celebrizada vida alheia.
Segundo um antigo amigo meu, Aurélio, ditadura é: “um sistema político em que o poder se concentra nas mãos de um indivíduo, de um partido ou de uma classe e que suprime as liberdades individuais; excesso de autoridade”. Tal qual não foi a minha surpresa quando me dei conta que aquele assunto que estudei há tempos atrás assombra a sociedade até hoje.
Está na roupa que devo vestir, no cabelo que devo usar e no modo como devo me portar. Está, também, no fato de que eu não posso sair de casa em liberdade já que estou constantemente correndo riscos de assalto ou seqüestro. Está no pensar que não devo pensar, pois se penso, logo existo, crio problemas para pessoas do alto escalão do poder político. Não devo pensar nas coisas da vida. Pois eu digo que penso. E falo. Mas se não falar tudo o que penso, foi culpa da censura.
Não tenho como dizer que não moramos em uma sociedade cujo regime é ditatorial, alguém dita leis que devem ser seguidas à risca sem “reclamações”. E se reclamar...
Fico, pois, em silêncio para lembrar que, supostamente, deveríamos viver em uma democracia, e temos, na câmara, “empregados” que pagamos com parte do nosso salário para fazerem o que nós “mandarmos”. Sim, eu sei que é estranho pensar nesse sentido a princípio, mas não é preciso muito raciocínio para perceber veracidade em tal novidade. O que são Prefeitos e Vereadores senão pessoas eleitas pelo povo e para o povo?
Sabe o que mais me irrita nessa “pseudo-ditadura” (e esse é um termo pessoal) vivida em nossas cidades? É que esse tipo de sistema só se fixa por causa da conformidade do povo! Ninguém se revolta: “ta tudo bem assim”, “amanhã eu faço alguma coisa”, “eu sozinho não vou mudar nada” e “esses políticos ladrões...” são pensamentos típicos da população que não acrescentam nada à luta por uma sociedade mais justa. Todo mundo acha que tem que mudar, mas ninguém pára de assistir TV para tentar pensar como pode efetivamente ajudar. Se ainda não pensou em nada que possa fazer para mudar de alguma forma a sua civilização, deixe-me apenas refrescar sua memória com idéias que não estão muito além do que está ao seu alcance.
A próxima vez em que ouvir falar de um protesto, e concordar com as idéias do mesmo, não se acanhe em divulgar o horário e o local desse. Ruminar, como um animal, que várias pessoas não foram trabalhar nesse dia, não auxiliará em nada, e ainda lhe acarretará uma ruga ou outra.
Se não tiver nada para fazer, leia um jornal, e, por favor, não pule a página de política porque não quer se estressar hoje. É obrigação de cada um se manter informado sobre o que está acontecendo no palácio do planalto, uma vez que tudo o que acontece lá está intimamente ligado ao imposto que paga. E não é pelo dinheiro que aconselho que faça isso!
Quando encontrar afinidades com assuntos tratados em assembléias legislativas, levante-se, de onde quer você esteja, e vá assistir, é seu direito saber o que pode vir a acontecer em sua vida!
Acima de tudo, não seja mais um ditador de regras por si só! Não se importe se alguém não tem o cabelo adequado à ocasião, ou se tal pessoa não está bem vestida. Não suprima as liberdades individuais! Deixe ser, deixe estar. Ou como leu, e me disse Morgana, amiga minha, há alguns dias: “Grandes inteligências discutem idéias; Inteligências médias discutem acontecimentos; Inteligências pequenas discutem pessoas”.
Agora você tem duas opções: fingir que leu essa crônica ao acaso, que ela não significou nada para você, e que agora sua prioridade é fazer bandeirinhas para torcer pelo Brasil na copa do mundo. Ou torcer por um Brasil, pensando em quem (e por quê!) votar em outubro próximo. Questão de eleição.

domingo, 11 de maio de 2008

Dança do Quadrado

A internet é realmente uma grande mãe acolhedora de todas as pessoas. Gêneros e estilos se mesclam nessa imensa rede mundial, que em um instante podemos pesquisar sobre o fenômeno de ressonância (em breve) e em outro estaremos assistindo um vídeo super engraçado. Pois foi o que aconteceu comigo dia destes.
Depois de um fim de tarde agradável reunido com amigos, um de nós (não me lembro quem) sugeriu que viéssemos até este computador para procurar vídeos engraçados. É assim que a gente se diverte no século XXI. Cada um lembrou de um bom vídeo que tinha assistido em outra ocasião e nos partimos de dar risada com vários vídeos hilários. Mas tem sempre um que se destaca, e é sobre isso meu post de hoje: a dança do quadrado!



Todo mundo já deve ter ouvido falar em Kibeloco, responsável por vários vídeos, imagens, paródias e charges engraçadas da nossa querida internet. Pois eles são os responsáveis por esse outro vídeo fantástico.
A cantora, Sharon, é uma animadora de festas. A batida é de funk. A letra é... nonsense. E o pior é que pegou! Fiz pesquisas e descobri que a dança foi inventada como uma brincadeira por estudantes do interior paulista e já está rodando o Brasil. De carnaval baiano a Caldeirão do Hulk!
Confesso que já estou contagiado pela letra da música e várias vezes me pego dançando e cantando pelo apartamento. Meu apartamento virou um quadrado! Ou um ovo?
Um abraço pra quem é de abraço e um beijo pra quem é de beijo.

sábado, 10 de maio de 2008

Mundo Mudo




Eu mudo,
não como muda o mundo,
mas mudo
cada vez mais mudo.

Eu mudo o mundo mudo.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Meu Cérebro e Eu


Tenho um cérebro muito traiçoeiro, durante o dia tenho orgasmos de criatividade, escrevo textos mentais maravilhosos. Basta ficar quietinho e num instante toma forma um teclado imaginário na minha frente e eu começo a digitar e digitar e digitar... mas nunca fica registrado. Acredito que tudo o que pensamos devia ser digitado por uma máquina ultra-mega-moderna, porém a tecnologia é tão incapaz às vezes, fico frustrado.
Ontem, estava eu feliz no ônibus pensando em política e toda uma tese se desenvolveu no meu cérebro através de várias sinapses de formatos diversos. Sentei no computador pra escrever, nada aconteceu. Não tinha as palavras certas. Conversei com meu cérebro (egoísta), mas não teve papo, não lembrei. Pensei: deve ser falta de lactose. Fui tomar café.
Chame de orgulho, de amor próprio ou do que quiser, mas eu não podia perder para o meu próprio cérebro, entende? Voltei. Fingi que estava lidando com outros assuntos da minha vida particular, que nada estava acontecendo, assoviei e assim que meu cérebro deu uma brecha corri para dentro da minha memória procurando por todos aqueles textos perdidos.
Eu tinha tudo planejado: pularia as memórias de infância e chutaria num só golpe de karatê (que vi num filme) os rancores e os ressentimentos, passaria voando pela memória permanente e entraria no campo minado da memória recente. Ali, eu ficaria em total silêncio buscando meus preciosos bons textos.
Não deu certo. Tropecei nos ressentimentos e fiquei grudado na memória permanente. Me desvincilhei de Bhaskara (a fórmula), alguns preços de coisas diversas e da chave certa para abrir o portão e não o cadeado da janela. Corri, mas não alcancei.
Declarei-me derrotado e voltei a pensar na minha falta de criatividade.
Hoje de manhã, bastou entrar no onibus e tudo veio à tona.
Já esqueci.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Julgamentos Refletidos


Já vou deixando todas as hipocrisias de lado e, deliciosamente, admitindo: eu também julgo. Se não o fizesse esse texto não faria o menor sentido. O que é o texto se não passar para o papel (no caso, para a virtualidade) as percepções subjetivas sobre determinados fatos? Julgar.
De uma forma geral, sempre julgamos as situações e as pessoas que nos ocorrem a partir da nossa realidade. Mas se cada um tem uma história e considerando (sem muito esforço mental) que TODAS essas histórias são diferentes entre si,então todas as realidades são diferentes. Logo, a nossa realidade de nada vale na hora de julgar o que aconteceu na realidade alheia.
Enfim, todo julgamento é errado a não ser que tenha partido de mim para mim mesmo. Aqui eu paro e reflito um instante, e ao fazer isso, percebi, refletir é um julgamento que parte de mim para mim mesmo. Então, refletir é o único julgamento válido.
Não sei se vou conseguir levar isso pra vida, mas que nas próximas vezes que for dar a minha opinião, antes de tudo eu possa, ao menos, refletir.

domingo, 27 de abril de 2008

Destruindo mitos!

Protesto! Por que os professores de história têm que ser sempre tão brutos no ato de passar sua sabedoria para nós? Ainda ontem descobri que na Guerra do Paraguai o Brasil não atuou como um Godzilla destruindo a promissora economia paraguaia. Na verdade, a economia do Paraguai não era tão diferente da atual, ou seja, nada de mais. Pensei errado durante anos, aprendi assim. Zapt! Não existe.
Tudo bem, a História, assim como qualquer ciência, modifica-se com o tempo: novas descobertas são feitas e os documentos que dão origem aos livros vão sendo atualizados. Mas que não é fácil destruir aqueles famosos mitos que a professora da terceira série colocou nas nossas cabeças, ah, isso não é não!
Eu lembro como se fosse ontem: “Pessoal, presta atenção! O verde é por causa das grandes florestas, o amarelo é por causa do ouro, o azul é por causa dos rios e mares e o branco é pela paz.” . Era uma ideologia tão bonita não? Sinto muito.



A bandeira do Brasil foi criada em 1889 por um decreto de Benjamin Constant. A antiga bandeira era muito parecida com a americana, o país se chamava Estados Unidos do Brasil. Precisávamos de uma bandeira nossa! Ela foi criada por Raimundo Teixeira Mendes com a ajuda de dois astrônomos. Até aqui tudo bem.
O verde faz referência à casa real de Bragança e o amarelo à casa real dos Habsburg. Bragança era a casa de D. Pedro I e Habsburg a de Leopoldina, sua esposa. A parte azul corresponde a uma imagem da esfera celeste, inclinada segundo a latitude da cidade do Rio de Janeiro do dia 15 de novembro de 1889. Pasmo? Não acabou.
As estrelas estão dividas em sete constelações e cada estrela representa um estado (a que está na parte de cima corresponde ao Pará e não ao Distrito Federal como sempre pensei). O lema “Ordem e Progresso” é do filósofo Positivista francês Augusto Comte.
Vivendo e aprendendo.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Isabella

Brutal. Se fosse pra definir em uma palavra, a palavra seria essa. Suas variações também são bastante válidas: violento, selvagem, grosseiro. E mesmo assim não seria o suficiente. Não conseguiríamos apenas com isso qualificar o crime horroroso que assolou o país nas últimas semanas.
Isabela caiu do sexto andar, junto com ela caiu também a população brasileira. Ficamos todos estarrecidos. Entre amigos, colegas, trabalhadores, professores, ministros e estagiários, temos conversado sobre isso há dias. Em botecos e escolas não se fala em outra coisa. A pergunta é sempre a mesma: por quê?
Por que “pais”, ou pelo menos, adultos em sã consciência jogariam sua filha pela janela de um apartamento? Por que maltratar uma criança (uma criança!) sem culpa? Pra responder, cada um tem um palpite, uma opinião. Alguns falam em ciúmes, outros em premeditação. Há também o que apostam no ódio.
É certo que Isabella hoje está em um lugar muito mais pacífico do que esse planeta azulzinho. Mas aqui, na experiência terrena, os ainda vivos pedem mais do que uma explicação, pedem justiça.
Não agüentamos mais essa violência, esse cárcere privado em que não sabemos mais quem é o preso e quem é o livre dessa história. Ano a ano, crimes brutais vão manchando de sangue a história do nosso país. Junto com a mídia, o povo esquece e lembra cada crime bárbaro de nosso país. Mais esquece do que lembra, fato. Mas do esquecimento, uma coisa fica (e acumula): o medo.
Hoje em dia, ou você já foi assaltado, ou você conhece alguém que foi. Se não conhecia, prazer, meu nome é Daniel Nekatschalow Bonfim, já fui assaltado duas vezes em duas cidades diferentes!
Não seria a hora de dizer basta a tudo isso? Mas que vozes temos? Na política, não temos. Na mídia, enquanto conveniente (para eles). Nas cidades, e olhe lá. Recorremos aos artistas, que tem voz, e cantam. Ivete Sangalo e Zezé de Camargo e Luciano subiram aos palcos em prol da paz. Mas será que conseguiríamos fazer um palco que fosse tão grande pra caber todos nós? Idéias, devaneios.
Em hebreu, Isabella quer dizer "consagrada a Deus". Eu, “pseudoateu”, mesmo assim, espero que sim.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Mudaram As Estações

É engraçado imaginar que vai chegar um tempo em nossas vidas em que teremos que deixar os nossos atos impensados por conta de melhores pensamentos que nos façam fazer a coisa certa. Não tem graça perceber que esse tempo chegou. Posso estar colocando a carroça na frente dos bois, mas talvez estejamos em um não querido processo de transformação.
Justo nós que um dia rimos do mundo a nossa volta e apontamos os homens de gravata como tolos e abitolados? Justo nós que acreditávamos na eterna infância? Rendemo-nos. Basta olhar nos olhos do amigo pra ver todo aquele sonho desmoronando. Aquela cumplicidade quase infantil que tínhamos há dois minutos nunca existiu. O que existiu foi a necessidade de esconder as responsabilidades atrás dos amigos, colocá-los a frente de tudo o que há de mais sagrado. Hoje, nos juntamos a todos os outros. Não conseguimos mais ver os problemas com aquele costumeiro sorriso de sempre. Sorrisos não vão pagar nossas contas.
Sinto que estamos gravemente e gradativamente caindo num abismo de 100 anos de perdão. Cada vez mais, vamos ter que aprender a perdoar a ausência um do outro. Nos batismos, nas primeiras comunhões, nas formaturas, nos casamentos, nas reuniões de pais e filhos e por fim, nos velórios!
Em uma noite escura e azul, numa rua qualquer, de uma cidade qualquer, eu ouvi de uma amiga: “toda relação, uma hora ou outra, enfraquece”. Talvez tenha chego a nossa vez. Adiar o eminente parece só machucar ainda mais nossos corações.
Vamos fingir que nada está acontecendo? Vamos deixar pra nos encontrar qualquer dia desses e dizer tudo... ou nada? Não me importa. Se aquela antiga cumplicidade que tivemos durar apenas 3 segundos nos nossos corações, terá valido a pena!