Brutal. Se fosse pra definir em uma palavra, a palavra seria essa. Suas variações também são bastante válidas: violento, selvagem, grosseiro. E mesmo assim não seria o suficiente. Não conseguiríamos apenas com isso qualificar o crime horroroso que assolou o país nas últimas semanas.
Isabela caiu do sexto andar, junto com ela caiu também a população brasileira. Ficamos todos estarrecidos. Entre amigos, colegas, trabalhadores, professores, ministros e estagiários, temos conversado sobre isso há dias. Em botecos e escolas não se fala em outra coisa. A pergunta é sempre a mesma: por quê?
Por que “pais”, ou pelo menos, adultos em sã consciência jogariam sua filha pela janela de um apartamento? Por que maltratar uma criança (uma criança!) sem culpa? Pra responder, cada um tem um palpite, uma opinião. Alguns falam em ciúmes, outros
É certo que Isabella hoje está em um lugar muito mais pacífico do que esse planeta azulzinho. Mas aqui, na experiência terrena, os ainda vivos pedem mais do que uma explicação, pedem justiça.
Não agüentamos mais essa violência, esse cárcere privado em que não sabemos mais quem é o preso e quem é o livre dessa história. Ano a ano, crimes brutais vão manchando de sangue a história do nosso país. Junto com a mídia, o povo esquece e lembra cada crime bárbaro de nosso país. Mais esquece do que lembra, fato. Mas do esquecimento, uma coisa fica (e acumula): o medo.
Hoje em dia, ou você já foi assaltado, ou você conhece alguém que foi. Se não conhecia, prazer, meu nome é Daniel Nekatschalow Bonfim, já fui assaltado duas vezes em duas cidades diferentes!
Não seria a hora de dizer basta a tudo isso? Mas que vozes temos? Na política, não temos. Na mídia, enquanto conveniente (para eles). Nas cidades, e olhe lá. Recorremos aos artistas, que tem voz, e cantam. Ivete Sangalo e Zezé de Camargo e Luciano subiram aos palcos em prol da paz. Mas será que conseguiríamos fazer um palco que fosse tão grande pra caber todos nós? Idéias, devaneios.
Em hebreu, Isabella quer dizer "consagrada a Deus". Eu, “pseudoateu”, mesmo assim, espero que sim.
quinta-feira, 24 de abril de 2008
Isabella
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2 comentários:
Nossa! Eu tava com saudade de ler suas crônicas!
adorei, em especial, a parte do planetinha azul e o desfecho...
aiai
adoro amigos artistas...
e vc eu não adoro, amo mesmo...
beijo!
Gostei do texto, de verdade, Dan.
O final, então, é ótimo. Você usou de uma ironia que deveria nos instigar a lutar por um mundo melhor... aquela velha história. E estamos aqui, reunidos, saudáveis, felizes e nada disso parece nos impulsionar a faver um "levante" e tentar passar toda a alegria e os 12 minutos de riso às outras pessoas. Somos inúteis, mesmo sendo úteis.
Você está escrevendo bem. Um grande abraço, Emer.
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