segunda-feira, 2 de junho de 2008

Sim, Einstein, você estava certo!




Eles se olharam profundamente naquele último instante após a briga. Era olhar de ódio sim, mas envolvia uma culpa que fazia remorso no coração de ambos. Ela se virou para a parede e fitou-a por vários instantes. Sua consciência dava zigue-zagues entre vontade de pedir desculpas, esperar ele pedir desculpas, afinal era tudo culpa dele, e a cor detestável daquela parede de seu quarto. Ela vem pedindo pra Carlos Fabiano mudá-la há dois anos (ela sempre contabilizava o tempo que o Marido demorava pra realizar seus desejos).
No próximo segundo, de forma rápida e segura, ela se viu encarando os olhos do amado novamente. Ela nunca soube quanto tempo (cerca de 2 segundos) ela demorou para responder a pergunta dele: "Você me perdoa?". O tempo era dez vezes mais relativo para Maria Cristina que para o resto da humanidade. Ela, através de devaneios pós-coito, criou um plano miraboloso de destruir a teoria da relatividade de Einstein, que com certeza não previu o desenrolar da vida social no mundo moderno. Mas ela, formada em letras, tinha todo o estudo detalhado para provar que o tempo, pasmem, não existe. O que existe é uma massa de ar que vêm do atlântico norte que irá mudar o clima amanhã a tarde em...
E ela voltou ao mundo real. O marido havia desligado a televisão, onde ela manteu o olhar fixo durante todo aqueles dois segundos. Talvez curtindo a cara de arrependimento de Carlos Fabiano. Talvez pensando numa resposta. Ele esperava uma resposta, agora com precipitação eminente nos olhos.
Mas como costuma acontecer quando brigamos e ficamos em dúvida se temos razão ou culpa, Maria Cristina apenas respondeu: "Você me perdoa?"
Um abraço. Um daqueles abraços que damos e apenas os melhores momentos passam num piscar de olhos pela nossa frente ao som de Janis Joplin. Depois de 7 anos de casamento próspero e graças a infertilidade (dele, não, dela. Dele. Não, dela. Cadela! Calma! Não vamos começar de novo), zero filhos. Pensando no tempo que faltava para serem considerados um casal unido e estável, escreveu mentalmente: "Sim Einstein, você estava certo!"

7 comentários:

Anônimo disse...

MARAVILHOSO! eu até separaria as sílabas, mas não tenho esse costume...
aiai, Daniel Roberto..
Vc me orgulha. sempre.
Sinto vontade imensa de ir até vc e beijar sua testa até a morte...

Te amo!
da sua... Daiana Priscila

Unknown disse...

Como o "amor" é lindo...não.
Me deu até vontade de brigar, ehehehe. O melhor da briga é o depois...
Oi Daniel gostei do Banner, só que esta faltando um " N ", ou sera que vc mudou o nome ?....hehehe
Abraços e continue assim.

Cadu Oliveira disse...

Muito bom texto.

Adorei o parentese final onde a informação muta e vira briga. Poesia em prosa.

Parabéns, cara!
Grande abraço.
Cadu [www.cultube.blogspot.com]

Anônimo disse...

gosto da teoria de eistein, e toda a sua relatividade. no entanto tem um pensador da antiguidade, que o sono não me permite lembrar, que fala que se nos aproximarmos de alguma coisa a metá de da distância que nos separa, nunca chegaremos a tocar a coisa.
Assim é o tempo, ele nunca vai chegar, até a hora que a gente vê que já passou.

Pablo disse...

hahaha... rs...! Muito bom... Einstein com certeza tava certo... rs...! Abraçu's!

Arquivos de Registro disse...

Seus textos estão cada vez melhores, Dan.
Abração!

c disse...

Te passei um meme